# 6 | Quando você não é a primeira opção
Para aquelas pessoas que (quase) nunca foram a prioridade
Volta e meia eu me pego pensando em como eu sou aquela pessoa que todos buscam quando precisam de algo. Desde que me lembro, sempre fui mais uma “amiga útil”, aquela a quem você recorre para um favor, um ajudinha na escola, quebrar um galho e etc. Por um bom tempo, achei que isso era algo comum. Achava que isso significava que eu era querida, confiável e tudo mais. Mas o tempo passou e eu vi que não era bem assim. Não que eu seja alguém odiada por terceiros, mas sim a famosa “bobinha” com quem sempre podem contar que vai estar lá pronta para prestar o favor que for.
Foi um tombo enorme me dar conta disso. Acabei questionando as minhas relações ao longo da vida e, sinceramente, eu consigo ver claramente hoje quem estava por perto por “interesse”.
Para algumas pessoas eu me dei tanto, fiz tudo o que estava ao meu alcance para ajudar de boa vontade. Não que eu precisasse de algo em troca, mas queria ao menos a tão famosa consideração, a mínima migalha de reciprocidade que seja. Isso infelizmente vem desde que eu era pequena.
Enquanto escrevia esse post, vi fotos de uma festinha de uma pessoa de quem eu era muito próxima, rodeada das amigas dela em seu chá de lingerie. Eu achava que éramos próximas ao ponto de pelo menos receber um convite para participar desses momentos relacionados ao casamento dela, que está chegando. Mas adivinhem? Não mesmo.
Já me culpei muito por coisas assim. Culpei minha introversão, minha timidez, já me considerei desinteressante, chata e tantos outros fatores, sabe? Mas a verdade é que, quando alguém se importa de verdade contigo, nada disso é um impedimento.
Ironicamente isso fez com que eu criasse uma certa barreira, sabe? Depois de tantas decepções, eu adquiri um receio de deixar as pessoas se aproximarem de mim porquê eu ainda temo que isso aconteça de novo e de novo.
Não que eu me importe de ajudar. Pelo contrário, adoro ajudar as pessoas. Mas sempre tem aqueles que tentam abusar da nossa boa vontade, nos ludibriar de algum jeito.
Nós mulheres, em um contexto geral, somos em nossa maioria criadas para sermos boas, prestativas e solícitas. Temos que ser perfeitas, adoráveis e nunca reclamar, mas sim fazer tudo o que nos pedem com um sorriso no rosto. É como Uma Garota Encantada, filme da Anne Hathaway, mas sem a parte do feitiço da obediência sem opção de escolha.
Ao mesmo tempo, eu sempre busquei agradar os outros. Na minha cabeça mais jovem, fazer esse tipo de coisa faria com que gostassem mais de mim, que eu seria lembrada. Spoiler: não fez diferença alguma.
Quem gosta de você de verdade não vai abusar da sua boa vontade, não vai exigir nada, não vai fazer com que você sinta que está constantemente devendo algo nessa relação. Quem gosta de você vai sempre te incluir nos momentos bons e ruins, para estar ao lado. Ouçam esse conselho de uma pessoa que tanto vivenciou “relações unilaterais”, onde eu acabava sendo mais amiga do que a outra parte.
Eu só queria sentir que alguma pessoa ficaria ao meu lado e sempre lembraria de mim, que nunca, nunca mesmo, me deixaria em segundo plano. Mas, aparentemente, isso é exigir demais. Só estou cansada de receber migalhas, mas na maioria dos casos, parece que é tudo o que recebo de algumas pessoas.
“Venha cá e receba dois minutos do meu tempo. E aproveite bem, pois é tudo o que eu vou te dar, pois é tudo o que você merece”
O pior é a solidão que isso causa. A insegurança, o “não se achar boa o suficiente” sempre martelando na nossa cabeça nos momentos mais frágeis. A gente acaba achando que receber aquele pouco de atenção é melhor do que receber nada.
Mas tento deixar isso para lá, pois eu sei que meu próprio amor tem que me bastar. Antes só do que mal acompanhado, não é isso?
Vamos fazer um acordo? Quando esse tipo de pensamento vier à mente, respire fundo e se lembre que você é amado (a, e), que você é importante. Nunca deixe alguém dizer o contrário.
Enfim, esse foi o post de hoje. Vou deixar abaixo o link de um post com a mesma temática que li mais cedo e achei maravilhoso. Até mais!